Às vésperas de completar dois anos de pandemia de Covid-19, Palmeira vive um novo surto da doença com alta recorde de casos ativos e velhos problemas nos dados abertos. O principal deles é o alto índice de positividade nos testes de Covid-19. Neste mês de janeiro ele chegou a 73%, disparado o maior valor desde o início da pandemia.
A princípio esse valor indica que a cada 10 testes feitos, sete deram resultado positivo. No entanto, pouca atenção é dada a esse indicador, que é profundamente revelador porque mostra que a testagem tem sido negligenciada pela saúde pública.
Exemplo disso é que este ano foram feitas 983 notificações de pacientes com síndrome respiratória, dos quais 404 foram testados. Destes, 294 tiveram diagnóstico positivo para Covid-19
Há muitos relatos de pessoas que apresentavam algum ou alguns dos sintomas clássicos de infecção pelo coronavírus, procuraram atendimento na saúde pública, não foram testadas e recorreram a testes em laboratórios particulares ou farmácias, para tirar a dúvida se estavam ou não contaminadas. Mesmo assim, foi difícil conseguir ou não conseguiram, pois há escassez de kits para testes nas farmácias e os laboratórios tem agendamento somente para alguns dias a frente.
Enquanto isso, pessoas que provavelmente estão infectadas com o novo coronavírus continuam circulando pela cidade, frequentando comércios, praças, igrejas e outros locais onde há público. Mesmo assim, até o momento nenhuma determinação de novas medidas para restringir a circulação de pessoas e evitar aglomerações foi decretada pela Prefeitura de Palmeira.
Importância da testagem
Testes laboratoriais podem ajudar a diferenciar casos de covid-19 ou de gripe comum e possibilitar o tratamento e o monitoramento adequado dos pacientes, de acordo com especialistas. Ambas doenças apresentam sintomas semelhantes, sobretudo nos primeiros dias, o que dificulta o diagnóstico clínico.
Tosse, dor de cabeça, febre muscular, dor de garganta, coriza, vermelhidão nos olhos, olhos lacrimejantes. Todos são sintomas que podem ocorrer tanto nos casos de gripe como nos de covid-19. Os tratamentos, no entanto, são diferentes. A grande maioria dos casos de gripe se resolve sozinha. Já a covid-19 precisa ser monitorada, uma vez que os pacientes podem apresentar recaídas ou casos bastante graves.
Para o infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia Helio Bacha, é importante garantir que todos os pacientes sejam testados ao menos para covid-19. “É importante que o teste de covid-19 esteja disponível para todo mundo”, diz. “Elas [as doenças] têm histórico clínico diferente ao longo do tempo, mas os primeiros sintomas são muito parecidos, não dá para diferenciar: dor no corpo, mal-estar, febre, sintomas de resfriado, rinite. Em alguns casos, temos na covid-19 uma evolução mais grave na segunda semana.”
Além dos testes específicos voltados para a identificação de covid-19, laboratórios passaram a oferecer um novo teste, o covid multiplex, que utiliza a técnica de RT-PCR para detectar, além do vírus SARS-CoV-2, responsável pela covid-19, os vírus da influenza A e da influenza B, que são os dois principais causadores da gripe, e o Vírus Sincicial Respiratório, também conhecido pela sua sigla em inglês, como RSV, que atinge principalmente as crianças menores de 2 anos. O resultado do teste é liberado em até 48 horas e é realizado em raspados de nasofaringe, coletados através das narinas.