Nesta quinta-feira, dia 07, acontece no Fórum de Palmeira uma audiência de conciliação para averiguar um suposto crime de intolerância religiosa. As partes acompanhadas de seus advogados participarão de audiência de forma online às 10h30.

O caso ocorreu em julho de 2023 e o boletim de ocorrência foi lavrado no mês seguinte, quando a vítima pertencente a religião de matriz afro-brasileira, que preferiu não se identificar, foi fazer um rito ao ar livre, ato comum entre praticantes de fé de origens africanas, a vítima foi filmada e exposta nas redes sociais.

Na postagem, que trazia prints de uma câmera de segurança, acompanhado de um texto onde acusava a vítima de estar associada a atividades malignas, condenando a livre prática da fé e pedindo a identificação de quem estaria fazendo as “macumbas”.

Em depoimento a polícia, a vítima disse que a postagem denegria a religião, incitando discurso de ódio e tentando associar a religião e sua praticante a atividades ligadas ao mal.

Em entrevista a CRUZEIRO a vítima explicou que só pelo fato do discurso de ódio vir acompanhado de prints de câmeras de segurança, associava sua imagem e a prática de sua fé a algo criminoso. “É comum vermos na internet prints e imagens de câmeras de segurança associadas a atos criminosos. Não podemos admitir que as religiões de matriz africana sejam veiculadas como crime ou práticas do mal”, disse ela.

Ela explicou ainda que o conceito de altar é ocidentalizado, e que a maioria das religiões possui altares e templos estáticos e imóveis, dentro de suas igrejas, diferente da cosmovisão praticada pelos frequentadores da umbanda e candomblé. “Nosso altar e nossa fé são praticados em muitos lugares: nas matas, nos rios, cachoeiras, encruzilhadas e outros pontos que representem energia e natureza. Condenar nossas práticas e associa-las ao demônio permeia a falta de conhecimento, ignorância, intolerância e preconceito” disse a vítima.

Rapidamente a postagem que expo a jovem se espalhou, com diversos compartilhamentos e também com vários comentários, muitos deles associando a religião de matriz afro com práticas malignas. Um deles dizia: “vá na delegacia, pois isso é crime” imputando conduta criminosa aos praticantes desta fé. Já outra pessoa escreveu: “meu Deus, eu fico chocada com a maldade do ser humano. Ai que ódio, bem que fez de colocar a cara da tal aqui no face”.

A vítima afirmou ainda, que a demonização dessas religiões é estrutural e que o demônio é uma figura que sequer existe nas religiões matriz africana. “Como as demais expressões de fé, a nossa também prega o amor, defende valores morais e sociais, contam com orações, cânticos e muito respeito”, finalizou.

O advogado da vítima afirmou ao jornalismo da CRUZEIRO 98.3 FM que buscará uma retratação nas redes sociais, com mesmo tamanho e tempo de exposição.

 

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