O pedido de registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade de Indicação de Procedência (IP), para o Pão no Bafo de Palmeira foi protocolado na sexta-feira (31), no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A solicitação foi feita a partir da parceria entre o Sebrae/PR, Prefeitura de Palmeira, empresários da Associação dos Produtores de Pão no Bafo em Palmeira (Apafo), Conselho de Desenvolvimento do Turismo de Palmeira (Codetur), com apoio da Secretaria de Estado de Turismo e entidades locais e regionais.
A receita gastronômica de valor histórico, foi introduzida na cidade em 1878 junto com os primeiros imigrantes alemães do Volga, que se instalaram em cinco núcleos: Quero-Quero, Papagaios Novos, Santa Quitéria, Lago e Pugas. Desde então, o Pão no Bafo faz parte do dia a dia das famílias, não só de descendentes daqueles imigrantes como de palmeirenses em geral.
Em 2015, o prato gastronômico, que é feito exclusivamente com carne suína, repolho (azedo ou não) e pãezinhos pequenos, recebeu o título de Patrimônio Imaterial de Palmeira.
A presidente da Associação dos Produtores de Pão no Bafo de Palmeira (APAFO), Rosane Radecki, afirma que a expectativa com a conquista da IG é grande e que o aporte financeiro por parte da Prefeitura e o envolvimento de parceiros foi fundamental para organizar todo o processo. Hoje a Apafo conta com sete associados.
“Queremos despertar o interesse dos demais restaurantes da cidade com relação á importância da IG. O prato deverá seguir o Caderno Técnico de Especificações para que não seja descaracterizada a forma de ser feito, que inclui carne de porco, repolho ou couve, com o pão cozido a vapor, e a forma de apresentá-lo ao cliente”, comenta e presidente da Apafo.
A consultora do Sebrae/PR, Nádia Joboji, explica que o trabalho de organização para a busca do registro de IG para o Pão no Bafo só foi possível graças à parceria estabelecida com o poder público e a comunidade de Palmeira.
Ela disse que “todos se organizaram coletivamente para que o Pão no Bafo de Palmeira possa obter o reconhecimento de IG. Será uma conquista visando o desenvolvimento territorial, com mais turistas visitando a cidade e valorizando a gastronomia, a história e a cultura de Palmeira. Além disso, essa ferramenta ajuda a proteger o produto e o serviço dessa especialidade”, afirmou a consultora do Sebrae/PR.
Rosemari Schweigert Schuebel, moradora da localidade de Quero-Quero e descendente de alemães do Volga, conta que sua mãe aprendeu a receita com a sogra, que era casada com um imigrante. Desde então, faz o prato para a família e, em 2024, começou a comercializar para os frequentadores de uma feira realizada na Colônia Quero-Quero. Segbdo ela, “o registro de IG pode ajudar a manter essa tradição em torno do prato e a preservar a receita que é passada de geração em geração”.
Produtos do Paraná com IG
O Paraná tem 16 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI: Cracóvia de Prudentópolis, cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; mel de Ortigueira; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; queijos coloniais de Witmarsum; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva e as broas de centeio de Curitiba. Além delas, há uma IG concedida para Santa Catarina, que também envolve municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, que é o mel de melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.
O Estado é segundo do Brasil em número de Indicações Geográficas. Fica atrás somente de Minas Gerais, que tem 20, e é seguido pelo Rio Grande do Sul, com 13 registros.
Agora, junto com o Pão no Bafo de Palmeira, outros produtos do Paraná estão em busca do registro e possuem pedidos depositados no INPI: tortas de Carambeí; mel de Prudentópolis; urucum de Paranacity; queijos do Sudoeste do Paraná; carne de onça de Curitiba; café de Mandaguari; ponkan de Cerro Azul; ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte e ostras do Cabaraquara.
Outros dois produtos de Palmeira estão em processo de habilitação para o pedido de registro de IG: o queijo porungo e o porco da raça Moura.